A Planície de Inundação do Alto Rio Paraná

Programa PELD/CNPq



Pesquisas Ecológicas de Longa Duração
PELD

Resumos

Geologia e geomorfologia

Dr Edvard E.Souza (coordenador); Dr. José C. Stevaux; Dr. Manoel Luiz dos Santos; Dr. Jean-Paul Bravard (Universidade Lyon II, França); Dr Edgardo Manoel Latrubesse (UFG); Dr. Mário Lincoln Etchebehere (UnG); Sâmia Aquino da Silva (doutorando); Victor da Assunção Borsato (doutorando); José Arenas Ibarra (doutorando); Ericson Hideki Hayakawa (doutorando); Débora Pinto Martins (doutorando); Maurício Meurer (doutorando); Renato José Paes (doutorando); André Luiz Amâncio Franco (doutorando); Rafaela Harumi Fujita (mestranda); Bruno Tiago Condessotto Rigon; Lorena Lucas Puerta; Vanessa Cristina dos Santos

O objetivo da pesquisa foi estudar as modificações impostas ao rio Paraná pela UHE Sergio Motta (Porto Primavera), e a dinâmica do ajuste fluvial que o rio está passando. Os objetivos específicos foram: 1) verificar as alterações no regime de débito, na dinâmica das formas de leito, na distribuição das velocidades de fluxo, na erosão marginal; 2) verificar a velocidade de propagação do ajuste fluvial no que diz respeito á carga suspensa, carga de fundo e formas de leito; 3) verificar a contribuição dos tributários; 4) Estudar as conseqüências do ajuste e as medidas necessárias para a minimização de seus efeitos. Para atingir tais objetivos foram utilizadas imagens orbitais, dados hidrológicos e metereológicos, e informações oriundas de levantamento de campo tais como perfis batimétricos, perfis de velocidade de fluxo, características de sedimentos, taxas de erosão marginal, levantados em diversos locais a partir das proximidades da barragem até as proximidades da foz do rio Ivaí. Os resultados demonstraram que: 1) a descarga fluvial está controlada, a velocidade média de fluxo aumentou, mas os valores junto ás margens são mais baixos, e dessa forma as taxas erosivas diminuíram; 2) a carga suspensa encontra-se muito baixa e foi a variável com resposta mais rápida à interferência da barragem; a remoção de areia fina do fundo tem avançado a uma taxa de 10,6 km/ano, a redução da altura das formas de leito vem avançando a uma velocidade de 7 km/ano, a remoção total dos sedimentos do leito avança a cerca de 0,5 km/ano, e as barras fluviais remanescentes deslocam-se a 0,36 km/ano; 3)A contribuição dos tributários é muito pequena, seja no que diz respeito à minimização do controle da descarga, seja no que diz respeito ao aporte sedimentar. 4) o quadro obtido demonstra que o rio tende a tornar-se erosivo e abandonar a sua atividade na planície, e não há medidas mitigadoras a serem recomendadas.

Limnologia física e química

Quím.Maria do Carmo Roberto (coordenadora); Dr Sidinei Magela Thomaz; Natalia Fernanda Santana (bolsista CNPq-AT); Michele Moura (Bolsista CNPq-AT); Beatriz Satomi Toyshima (bolsista Nupelia); Priscila Balestrin Mendes (bolsista Nupélia)

 Os hábitats aquáticos do sistema rio-planície de inundação do alto rio Paraná apresentam características limnológicas distintas e os mesmos podem ser discriminados de acordo com os rios aos quais se encontram conectados. Por exemplo, o rio Paraná e as lagoas a ele conectadas possuem elevadas concentrações de íons totais (refletidas pela condutividade elétrica) e de transparência da água e baixos valores de fósforo, comparativamente aos conectados ao rio Ivinheima. Diferentemente, lagoas conectadas ao rio Baía possuem baixos valores de oxigênio dissolvido e pH. Esse padrão de variação espacial está associado com as características peculiares de cada rio e o mesmo vem sendo mantido desde o início do Projeto PELD. Porém, essas características limnológicas variam temporalmente em função das flutuações dos níveis fluviométricos do rio Paraná, Ivinheima e Baía e também em resposta a funções de força locais, tais como precipitação pluviométrica, entrada de tributários que chegam de fora da planície e morfometria das lagoas. A despeito desse padrão geral, a presença de cadeias de represas a montante tem afetado as características limnológicas do rio Paraná, representando um outro fator que atua em macro escala espacial. Comparações com dados obtidos em períodos anteriores demonstram uma elevação da profundidade do disco de Secchi no rio Paraná (1,03m entre 1986 e 1988; 1,38 m entre 1992 e 1994; 2,80m entre 2000 e 2007). O mesmo é observado para os valores do P-total, cujos valores médios (12,08 µg/L), obtidos entre 2000 e 2007, representam cerca de um terço dos valores obtidos entre 1986 e 1988. Em conjunto esses resultados demonstram que a despeito de os padrões de variação espacial das variáveis limnológicas ter se mantido relativamente constantes nas últimas duas décadas, o mesmo está se alterando no rio Paraná. Uma das causas para essas mudanças é a operação de barragens a montante da área de estudo, conforme largamente enfatizado em estudos anteriores. Neste contexto, merece destaque o reservatório de Porto Primavera, fechado em 1998 e que provocou grande aumento da transparência da água e redução das concentrações de fósforo.

Fitoplâncton

Dra. Sueli Train (coordenadora); Dra. Luzia Cleide Rodrigues; M.Sc. Susicley Jati; Vânia Mara Bovo-Scomparin (pós-graduanda); Evelise Marengoni (Bolsista CNPq-Pibic); Carla Cristiane de Jesus Borsalli (bolsista CNPQ-AT); Paula Aparecida Federiche Borges (pós-graduanda)

 A comunidade fitoplanctônica dos diversos biótopos da planície de inundação do alto rio Paraná caracterizou-se por apresentar alta biodiversidade, com um total de 582 táxons identificados, referentes ao período de estudo compreendido entre os anos de 2000 a 2007. Neste último ano analisado foram registrados 36 novos táxons para este sistema. Chlorophyceae foi o grupo mais especioso, com 156 táxons, seguido de Zygnemaphyceae com 109 táxons. Os biótopos lênticos associados ao rio Paraná apresentaram os maiores valores médios de riqueza de espécies. As cheias acentuadas ocorridas no início dos anos de 2005 e 2007 estiveram associadas a uma redução acentuada nos valores de riqueza de espécies. Os maiores valores médios de biomassa (biovolume) foram registrados no rio Baía e em biótopos lênticos a ele associados. Cyanobacteria e Bacillariophyceae foram os grupos taxonômicos que apresentaram maior contribuição à biomassa fitoplanctônica. No último ano, foram registradas florações de Anabaena spp. em diversos ambientes lênticos e no rio Baía. Considerando-se os valores médios de biovolume fitoplanctônico registrados, o rio Paraná e o rio Ivinhema caracterizaram-se como oligotróficos e o rio Baía como eutrófico. A variabilidade interanual da comunidade fitoplanctônica observada nos oito anos de estudo, indicam que a comunidade ainda é fortemente influenciada pelo regime hidrossedimentológico natural do rio Paraná e do rio Ivinhema, tendo sido afetada também, provavelmente, nos últimos anos, pela crescente influência antropogênica e pelas mudanças climáticas ocorridas no período.

Perifiton

Dra. Liliana Rodrigues (Coordenadora); Eliza Akane Murakami, Jaques Everton Zanon, Vanessa Majewski Algarte, Natalia Silveira Siqueira

 Analisando os dados de clorofila-a por ambientes e os diferentes rios principais (Ivinheima, Baia e Paraná), verifica-se que os maiores teores foram registrados para o ano de 2005 e 2007 e, de forma geral, para os ambientes do rio Paraná. Entre os anos de 2001 e 2004 ocorreu uma queda gradativa nos valores de biomassa perifítica. Novamente destacamos o importante papel do pulso de inundação sobre o incremento de biomassa perifítica nesses anos, além dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña, os quais provocam respectivamente em nossa região períodos de chuva e seca. No ano de 2007 ocorreu uma cheia característica, a qual atuou de forma contundente sobre a biomassa perifítica da planície de inundação do alto rio Paraná, propiciando o efeito homogeneizador em fevereiro e o aumento de biomassa em ambientes não conectados nos meses de junho e setembro. A análise da comunidade perifítica foi realizada reunindo os anos de pesquisa PELD e sob os aspectos de riqueza e de composição. A classe Bacillariophyceae (diatomáceas), apresentou o maior número de espécies. Em seqüência, foram destaque a classe Zygnemaphyceae e Cyanophyceae. O estudo comparativo entre a riqueza e composição específica de algas perifíticas na lagoa das Garças, planície de inundação do alto rio Paraná, entre os anos de 1994, antes da construção do reservatório de Porto Primavera, e em 2004, quando o reservatório já estava funcionando, demonstrou um aumento dos grupos metafíticos, o que deve estar associado ao aumento das macrófitas submersas na planície. Também ficou evidente que muitas espécies que ocorreram até 1994 não foram registradas em 2004. Sendo as algas a base da cadeia alimentar, é fundamental acompanhar a conseqüência da ausência dessas espécies e da ocorrência de novas espécies na cadeia trófica.

Protozoários planctônicos

Dr. Luiz Felipe Machado Velho (Coordenador); Dr. Fábio Amodêo Lansac Tôha; Dra.Claudia Costa Bonecker; Gustavo Mayer Pauleto (Doutorando); Danielle Goeldner Pereira (Doutoranda); Janielly Carvalho Camargo (Mestranda); Arianne Francielle da Silva Brão (Bolsista-CNPq-Pibic); Paulo Roberto Bressan Buosi (Bolsista Nupélia); Bianca Trevisan Segóvia da Silva (Bolsista Nupélia); Poliana Maria Sachertt Mendes (Bolsista Nupélia)

 No presente relatório, são apresentados os resultados referentes à distribuição espacial e temporal da densidade e biomassa de protozoários flagelados e ciliados bem como os resultados relativos à composição, riqueza de espécies e diversidade de Shannon das comunidades de ciliados, coletados no plâncton da planície de inundação do alto rio Paraná. As amostras foram coletadas em 12 ambientes, incluindo lagoas abertas, lagoas fechadas, rios e canais, em dois períodos hidrológicos distintos, período de cheia e período de seca. Para os flagelados, as análises de densidade e biomassa foram realizadas em microscópio de epifluorescência, enquanto que os ciliados foram identificados e quantificados in vivo. Os resultados obtidos para os protozoários flagelados não evidenciaram, em geral, diferenças significativas entre os diferentes tipos de ambientes estudados, com exceção da fração heterotrófica que apresentou valores de biomassa significativamente maiores nos rios e lagoas fechadas. Em relação à contribuição das diferentes frações, embora diferenças significativas não tenham sido observadas para a biomassa, os flagelados heterotróficos foram significativamente mais abundantes em todos os ambientes estudados, corroborando a hipótese do predomínio de uma fase heterotrófica no período de cheia em sistemas de planície de inundação. Para os ciliados, os resultados revelaram a ocorrência de 61 espécies, sendo as ordens Prostamatida e Hymenostomatida as mais especiosas, seguidas por Peritrichida, Oligotrichida e Gymnostomatida. Ainda em relação à composição de espécies, uma análise de agrupamento evidenciou uma maior dissimilaridade da composição de ciliados entre os períodos hidrológicos (cheia e seca) do que entre os diferentes tipos de ambientes. Em relação à riqueza de espécie e abundância de ciliados, os resultados evidenciaram valores significativamente maiores nos ambientes lênticos. No entanto estas diferenças são apenas evidenciadas durante o período de seca, enquanto que no período de chuvas os diferentes tipos de ambiente são, em geral, muito semelhantes em relação aos diferentes atributos de comunidades de ciliados. Estes resultados, tanto de densidade como de riqueza de espécies de ciliados, sugerem fortemente o efeito homogeinizador do pulso de inundação.

Zooplâncton

Dr. Fábio Amodêo Lansac Tôha (coordenador); Dra.Cláudia Costa Bonecker; Dr. Luiz Felipe Machado Velho; Ciro Yoshio Joko (doutorando); Erica Mayumi Takahashi (doutoranda); Geziele Múcio Alves (doutoranda); Nadson Ressye Simões da Silva (doutorando); Juliana Déo Dias (mestranda); Leandro Junio Fulone (mestrando); Flávia Sicielli de Lima (bolsista CNPq-Pibic); Ana Paula Capelari Fernandes (bolsista CNPq-Pibic); Deise de Morais Costa (bolsista CNPq-Pibic); Renata Morais dos Santos (bolsista Nupélia); Marcia Marlize Pedroso (graduanda)

 1. Estrutura e dinâmica da comunidade zooplanctônica em doze ambientes da planície de inundação do alto rio Paraná

A comunidade zooplanctônica, estudada em doze ambientes da planície de inundação do alto rio Paraná, nos meses de dezembro/2006, março, junho e setembro/2007, foi composta por 247 táxons, sendo os rotíferos o grupo mais especioso (108 táxons), seguidos pelos protozoários testáceos (73 táxons), cladóceros (51 táxons) e copépodes (15 táxons). Em geral, a maior riqueza média de táxons zooplanctônicos foi verificada nas lagoas abertas, no sistema Baía, e no período chuvoso. Entretanto, não foram verificadas diferenças significativas nas variações espacial e temporal desse atributo da comunidade. As maiores densidades médias zooplanctônicas foram observadas, em geral, nas lagoas fechadas, no sistema Ivinheima e no período de seca. Variações espaciais significativas (p<0,05) da abundância zooplanctônica foram observdas apenas entre os tipos de ambientes (H(3,48) = 13,38; p = 0,004), e entre os meses de amostragem (H(1,48) = 6,86; p = 0,009). Ao compararmos os resultados de abundância dos grupos obtidos nesse estudo com aqueles verificados desde 2000, foi possível constatar que o padrão de distribuição espacial dos organismos, em geral, foi mantido, tendo sido observada a maior densidade nas lagoas, em especial nas lagoas fechadas durante o período seco. Os táxons mais representativos em todo estudo, em termos de freqüência de ocorrência e abundância, foram Difflugia pseudogramen, D. gramen, Centropyxis aculeata, Arcella discoides, A. gibbosa (protozoários testáceos), Lecane proiecta, Keratella cochlearis, K. americana, Brachionus dolabratus (rotíferos), Moina minuta (cladóceros), Thermocyclops decipiens e T. minutus (copépodes). A diversidade específica da comunidade apresentou, em geral, maiores valores médios no canal, no sistema Ivinheima e no período chuvoso; no entanto, não foram encontradas diferenças significativas (p<0,05) entre o tipo de ambiente e sistema, somente entre os meses de amostragem (H(3,48) = 17,19; p = 0,0006). O grau de conectividade e a hidrodinâmica dos ambientes influenciaram a estrutura da comunidade, tendo em vista que o maior número de táxons foi registrado, em geral, em ambientes conectados permanentemente (lagoas abertas), permitindo, assim, a intensa troca de fauna entre esses ambientes lênticos e os ambientes lóticos. Esse intercâmbio de fauna foi incrementado no período um maior intercâmbio de fauna entre as regiões litorânea e pelágica das lagoas. Por outro lado, a ausência de fluxo de corrente propiciou o desenvolvimento das populações zooplanctônicas em ambientes lênticos, especialmente nas lagoas fechadas, evitando, assim, a perda de indivíduos. Esse fato foi evidenciado, ainda, pelo maior número de indivíduos constatados no período seco. Comparando-se os resultados obtidos nesse estudo com os observados nos anos anteriores, sugere-se que as alterações climáticas observadas em 2001, com reduzidos valores do nível fluviométrico do rio Paraná, bem como o fechamento do reservatório de Porto Primavera (Estado de São Paulo), localizado a montante da área de estudo, influenciaram a estrutura e dinâmica da comunidade zooplanctônica, tendo em vista as diferenças encontradas entre os padrões de variação espacial e temporal da riqueza de táxons e abundância da comunidade, obtidos ao longo dos seis anos de estudo consecutivos.

 2.Composição de assembléias perifíticas em pecíolos de Eicchornia azurea em dois ambientes  da planície de inundação do alto rio Paraná

Os protozoários testáceos e os rotíferos das assembléias perifíticas (organismos aderidos/perifiton e frouxamente aderidos/metafiton), amostradas nos pecíolos de E. azurea, em dois ambientes, em junho e agosto de 2007, foram representados por 110 táxons (31 e 79 táxons, respectivamente), sendo que destes, 25 táxons são novos registros de ocorrência para a planície de inundação. Espacialmente, observou-se uma nítida diferença na riqueza de táxons e, principalmente, na composição das assembléias do metafiton na lagoa e no ressaco, sendo 48 táxons identificados no primeiro ambiente (19 táxons de protozoários testáceos e 29 de rotíferos) e 40 táxons no segundo (13 táxons de protozoários testáceos e 27 de rotíferos). Somente 12 táxons foram comuns nos dois ambientes (8 de protozoários testáceos e 4 de rotíferos). Foi possível observar, ainda, a grande contribuição da família Notommatidae para a riqueza de táxons na lagoa (12 táxons), em comparação com o ressaco (4 táxons), no qual a família mais especiosa foi Trichocercidae (12 táxons). Em relação aos protozoários testáceos, Difflugidae (8 táxons) e Arcellidae (6 táxons) apresentaram uma relevante contribuição para a riqueza de táxons na lagoa, e Difflugidae (5 táxons), no ressaco. Ao analisarmos as assembléias do metafiton e perifíton no ressaco, foi constatada a ocorrência de 61 táxons (17 de protozoários testáceos e 44 de rotíferos). Além disso, foi observada a ocorrência de 23 táxons comuns (8 protozoários testáceos e 15 rotíferos) nas duas assembléias, e entre as assembléias foram constatados resultados similares, tendo sido identificados 41 táxons no metafiton (13 táxons de protozoários testáceos e 29 táxons de rotíferos) e 42 táxons no perifíton (12 protozoários testáceos e 30 de rotíferos). Temporalmente não foi constatada diferença significativa entre os meses de amostragem no ressaco (42 táxons em junho, 13 táxons de protozoários testáceos e 29 táxons de rotíferos, e 39 táxons em agosto, 13 táxons de protozoários testáceos e 26 táxons de rotíferos). Esse estudo contribuiu para ampliação do conhecimento da diversidade desses organismos na planície de inundação. A maior riqueza de táxons constatada na assembléia do metafiton da lagoa, presente no sistema Baía, foi devido provavelmente às características limnológicas do ambiente/sistema. O fato das assembléias dos organismos aderidos e frouxamente aderidos (perifíton e metafiton, respectivamente), no ressaco não apresentarem diferenças em sua composição pode estar relacionado a dificuldade de se amostrar separadamente estas assembléias. A ausência de diferença temporal do número de táxons das assembléias do metafiton no ressaco pode estar relacionada, ainda, ao fato de as amostragens terem sido realizadas no mesmo período hidrológico (período seco).

Ostracoda

Dra.Janet Higuti (coordenadora); Dr. Luiz Felipe Machado Velho; Dr. Fábio Amodêo Lansac-Tôha; Dr. Koen Martens (Royal Belgian Institute of Natural Sciences, Bruxelas-Bélgica); Aline Mariano de Souza (bolsista do Nupélia); Claudia Roberta Guidi (estagiária do Nupelia)

 Os resultados preliminares registraram a ocorrência de 16 espécies de ostrácodes associadas à Eichhornia crassipes, representadas pelas famílias Cyprididae, Limnocytheridae e Darwinulidae. A família Cyprididae foi a mais especiosa, representada por 12 espécies. Diaphanocypris meridana, Cypricercus centrura, Cypretta sp. 1, Cytheridella ilosvayi, Alicenula serricaudata e Vestalenula pagliolii foram as espécies mais abundantes e freqüentes. Os diferentes padrões de riqueza, densidade, diversidade e equitabilidade observados entre os dois períodos de coleta (2004/2005 e 2007) devem ser analisados com cautela, tendo em vista que foram analisados somente três meses. Provavelmente, estas diferenças serão minimizadas ao analisar um ciclo anual completo (fevereiro/2007 a janeiro/2008) neste ambiente. No entanto, alterações nestes atributos também poderão ocorrer decorrentes das mudanças das características abióticas, incluindo a flutuação do nível hidrológico.

Zoobentos

Dr. Alice M.Takeda (coordenadora); Daniele Sayuri Fujita (doutoranda), Gisele Cristina Rosin, Danielle Paula de Oliveira Mangarotti, Sue Ellen Prata Fernandes, Rômulo Diego de Lima Behrend, Aryane Rodrigues Agostinho, Gisele Daiane Pinha, Ana Lúcia Antunes Sampaio, Adriana Félix dos Anjos, Renan Dias da Silva.

 Analisou-se a variação espacial e temporal de grandes grupos para dar uma visão geral da comunidade zoobêntica da planície aluvial do alto rio Paraná. As amostras de zoobentos foram coletadas em 12 estações, trimestralmente de 2000 a 2007, com exceção do ano 2003, com apenas duas coletas. Utilizou-se um pegador tipo Petersen modificado para amostragens bênticas. Em cada ponto de amostragem, foram coletadas três amostras para o estudo biológico, totalizando 3024 amostras. Durante os oito anos de coleta, na planície aluvial do alto rio Paraná, foram registrados Hydra, Turbellaria, Nematoda, Nemertea, Rotifera, Bivalvia, Gastropoda, Oligochaeta, Narapa bonettoi, Hirudinea, Araneae, Acari, Conchostraca, Cladocera, Ostracoda, Calanoida, Harpacticoida, Cyclopoida, Amphipoda, Decapoda, Collembola, Ephemeroptera, Odonata, Plecoptera, Hemiptera, Coleoptera, Megaloptera, Trichoptera, Lepidoptera, Diptera, Ceratopogonidae, Chaoboridae, Chironomidae e Culicidae. A maior densidade total foi registrada no sistema Ivinhema. Os resultados dos oito anos de coletas não mostraram nenhum padrão a grandes grupos taxonômicos, porém as larvas de Chironomidae e Nematoda relacionaram-se com a variação do nível hidrométrico do rio Paraná. A planície aluvial do alto rio Paraná sofreu nesses últimos anos, intensa influência do desenvolvimento sócio-econômico como o fechamento da barragem de Porto Primavera, causando grandes oscilações diárias e não se sabe quais as espécies de zoobentos da região marginal irá adaptar-se a essa situação. Além desse fator, é conhecida a invasão de mexilhão dourado no rio Paraná, que aumenta a cada ano e, ainda não se conhece como essa flutuação hidrométrica influenciará essa população em diferentes biótopos da planície aluvial. Necessitar-se-á ainda muitos anos de monitoramento com zoobentos para avaliar se as mudanças são naturais ou/e causados pela população humana.

Comunidade de Peixes

Dr.Horácio Ferreira Julio Jr (coordenador); Biol. João Dirço Latini; Dr. Angelo Antonio Agostinho; Dr. Luiz Carlos Gomes; Dra. Harumi Irene Suzuki; Dayani Bailly (doutoranda); Michele de Faveri Gimenes; Pablo Davi Kirchheim; Alessandro Gaspareto Bifi; Héctor Samuel Vera Alcaraz.

 A ictiofauna da planície de inundação do alto rio Paraná é composta por cerca de 182 espécies. O levantamento ictiofaunístico realizado trimestralmente entre dezembro de 2006 e setembro de 2007 registrou 97 delas, as quais habitam os diferentes biótopos de acordo com suas necessidades e limitações. Durante esse período os padrões de dominância variaram entre os ambientes estudados. Nas lagoas abertas e nos rios prevalesceram nas amostragens com redes de espera S. marginatus, L. platymetopon e P. lineatus. Dentre as espécies capturadas nas várzeas dos rios durante o período de cheias, A. altiparanae, P. lineatus e L. friderici se posicionaram como dominantes. Entre os biótopos, a maior dominância ocorreu nas lagoas fechadas com o predomínio de M. aff. intermedia, sendo esta espécie também a mais representativa nas amostragens com redes de arrasto. No geral, os padrões de abundância em número de indivíduos seguiram os de dominância. Porém quanto à biomassa, duas espécies migradoras, P. lineatus e P. corruscans, apresentaram valores bastante expressivos em 2007, sendo a primeira abundante também em número de indivíduos. É importante destacar que a cheia que ocorreu no início de 2007 beneficiou a reprodução e o desenvolvimento inicial dessas espécies, pois suas capturas consistiram essencialmente em jovens do ano. A análise comparativa com os anos anteriores de estudo revelou que o período de 2000 a 2006 foi marcado principalmente pelo predomínio de L. platymetopom, S. marginatus e P. galeatus nos biótopos, espécies estritamente sedentárias que se dispersaram do médio pra o alto Paraná. A ocorrência de uma espécie migradora entre as dominantes deu-se apenas em 2007, tendo o alagamento da planície contribuído de maneira decisiva para este quadro. Diante disso, fica evidente que a ocorrência de cheias, em qualquer nível é essencial, pois promove condições favoráveis para o desenvolvimento inicial de espécies migradoras, que desovam nas partes mais altas da bacia, sendo que a ausência destes eventos pode causar efeitos deletérios ao recrutamento, como também elevar as taxas de mortalidade de peixes nos ambientes sem conexão com a calha principal dos rios da planície.

Ictioplâncton

Dra. Andréa Bialetzki (coordenadora); Dr. David A. Reynalte-Tataje (doutorando); Miriam Santin (doutorando); Renato Ziliani Borges (doutorando); Darlon Kipper (mestrando); Tátia Leika Taguti (bolsista AT-CNPq); Fernando Garcia de Oliveira (Bosista do Nupelia); Luciana Fugimoto Assakawa (Bosista do Nupelia); Marina Moura Baggio (Bosista do Nupelia); Regina Meneguetti Passos (Bosista do Nupelia); Simoni Ramalho Ziober (Bosista do Nupelia); Taise Miranda Lopes (Bosista do Nupelia).

 O objetivo deste trabalho foi avaliar e monitorar o ictioplâncton na planície do alto rio Paraná, bem como verificar a utilização da sub-bacia do rio Ivinheima (MS) como área de desova e criadouro natural de espécies de peixes da região. Foram realizadas amostragens (i) trimestrais em novembro de 2006 e março, junho e setembro de 2007, em nove estações distribuídas na planície e (ii) mensais, entre março de 2006 a outubro de 2007, em três estações distribuídas na sub-bacia do rio Ivinheima. A distribuição do ictioplâncton segue o padrão dos anos anteriores, com maior abundância de ovos nos ambientes lóticos e de larvas nos lênticos, principalmente entre outubro e novembro, o qual coincidiu com a reprodução da maioria dos peixes da região. Na sub-bacia do rio Ivinheima, a desova ocorre nos canais dos rios, visto a elevada quantidade de ovos, e as larvas derivam rio abaixo e entram nas lagoas onde encontram um ambiente adequado ao seu desenvolvimento. A comparação entre os períodos reprodutivos estudados (2002/2003, 2003/2004, 2004/2005, 2005/2006, 2006/2007) revelou uma redução na densidade do ictioplâncton, principalmente entre 2005/2006 e 2006/2007, influenciada por alterações ambientais que deverão ser investigadas. De acordo com os dados obtidos é possível sugerir que apesar da redução na densidade do ictioplâncton, a sub-bacia do rio Ivinheima vem sendo utilizado como área de desova e transporte de larvas nos primeiros estágios, enquanto as lagoas servem como berçários para várias espécies de peixes. Desta maneira, fica evidente a importância deste rio e de seu entorno na manutenção das populações do trecho ainda livre do rio Paraná.

Ecologia Energética

Evanilde Benedito (coordenadora); Daniela Aparecida Garcia (mestranda)

 O presente estudo objetivou avaliar o efeito do tamanho, sexo, estádio de maturação gonadal e tipo de ambiente, sobre a densidade de energia presente em músculo esquelético estriado de Loricariichthys platymetopon. As amostragens abrangeram os seguintes períodos e locais de amostragem na bacia do alto rio Paraná: trecho da planície alagável do alto rio Paraná (PL), localizado a jusante da barragem de Porto Primavera e a montante do reservatório de Itaipu, onde foram amostrados seis pontos, dois rios (Baia: 4 e Ivinheima: 2) e três lagoas abertas (dos Patos: 1, do Guaraná: 3 e das Garças: 6) nos meses de novembro de 2002, março e setembro de 2003 e, duas lagoas (lagoa Fechada:5 e lagoa do Guaraná:3) em junho, setembro e dezembro de 2006 e fevereiro de 2007; em três pontos eqüidistantes (7, 8 e 9) dentro do ribeirão Diamante (RD), localizado no interior da Estação Ecológica do Caiuá, durante novembro de 2005 e fevereiro, maio e agosto de 2006;  e no ponto lacustre (10) do reservatório de Rosana (RR) em junho e dezembro de 2002. Foram amostrados 454 espécimes de Loricariichthys platymetopon cujo comprimento padrão diferiu significativamente entre local/sexo. Em relação ao sexo, não foram verificadas diferenças significativas, para os três locais amostrados, entretanto estas foram verificadas durante a maturação gonadal na planície alagável do alto rio Paraná e no reservatório de Rosana. Observou-se diferença significativa entre as médias calóricas dos três locais de amostragem e a densidade calórica, em peso seco, para esta espécie variou de 4,17 a 5,54 Kcal/g, sendo que as médias (± erro padrâo) encontradas foram 5,14± 0,008 Kcal/g PS para o reservatório, 4,95±0,029 Kcal/g para o ribeirão e, 4,92 ±0,02 Kcal/g PS para a planície. Tais diferenças não foram significativas entre os ambientes (lênticos e lóticos) da planície assim como, entre os ambientes lênticos Lagoa do Guaraná e Lagoa Fechada. Assim, conclui-se que as variações na densidade calórica intra e interespecíficas devem ser consideradas na quantificação do balanço energético e na modelagem bioenergética ecológica. Para tanto, estudos visando à determinação dessa densidade, necessitam ser intensificados e expandidos com o intuito de gerar informações úteis ao monitoramento e ao estabelecimento de estratégias racionais para o manejo de ecossistemas.

Genética

Dr.Alberto José Prioli (coordenador); Dra.Sônia Maria Alves Pinto Prioli; Dra.Laudenir Maria Prioli; Dr. Horácio Ferreira Júlio Júnior; Leia Carolina Lúcio; Paula Silveira Perioto; Rodrigo de Mello; Sílvia Machado; Talge Aiex Boni; Thaís Souto Bignotto; Thiago Cintra Maníglia; Vivian Amanda de Carlos; Vivian Nunes Gomes

 O gênero Hoplias é constituído por duas espécies formalmente descritas. Mas, atualmente, com base em evidências morfológicas, citogenéticas e genéticas está consolidado o consenso de que Hoplias aff. malabaricus representa um complexo de espécies. Os citótipos A e D são nativos do alto rio Paraná. Por outro lado, é possível que o citótipo C tenha ocupado a planície de inundação somente após a formação do reservatório de Itaipu. Em uma etapa anterior do projeto PELD, foram associados marcadores moleculares nucleares ISSR aos citótipos A, C e D. Na presente etapa, três haplogrupos D-loop foram associados aos três citótipos. Entretanto, foi registrado um haplótipo divergente que não em correspondência com nenhum dos citótipos, embora esteja mais próximo do citótipo D. O mesmo haplótipo foi encontrado no rio Manso, no alto rio Paraguai, sugerindo que pode ter alcançado a planície depois de Itaipu. Informações adicionais poderão revelar se este haplótipo caracteriza uma outra espécie dentro do grupo malabaricus.

Ictioparasitologia

Dr. Gilberto Cezar Pavanelli; Dr. Ricardo Massato Takemoto; Dra. Maria de los Angeles Perez Lizama; Ana Carolina Figueiredo Lacerda; Fábio Hideki Yamada; Luis Henrique de Aquino Moreira; Tiago Lopes Ceschini; Sybelle Bellay; Eliane da Silva Fernandes; Luciana Yumi Sigaki Hino; Letícia Cucolo Karling; Filipe Mendonça Sella de Alvarenga; Ana Claudia Munhoz; Paula Gimenez Milani

 As informações contidas neste relatório foram obtidas de coletas realizadas no período de dezembro de 2006 a setembro de 2007. Neste período foram necropsiados 563 espécimes de peixes de 63 espécies diferentes. Do total de peixes examinados 189 (43%) estavam parasitados por pelo menos uma espécie de parasito. Foi observada a presença de espécies novas, principalmente monogenéticos. É registrada mais uma espécie de hospedeiro para Contracaecum sp. Apesar de ser uma espécie introduzida Geophagus cf. proximus apresenta um papel importante no ciclo biológico dos parasitos, atuando como hospedeiro intermediário, já que 89% dos peixes analisados se encontravam parasitados pela metacercária de Ascocotyle sp. A análise sazonal dos níveis de prevalência demonstrou que em dezembro de 2006 a prevalência total foi pouco mais elevada em relação aos outros meses. Em comparação com os estudos realizados em anos anteriores, foi observado que a prevalência total de parasitismo se manteve semelhante em relação aos dois últimos anos.

Avifauna

Dr. Luiz dos Anjos (coordenador); Luciana Baza Mendonça; Edson Varga Lopes; Camila Crispim de Oliveira Ramos.

 

Macrófitas aquáticas

Sidinei Magela Thomaz (coordenador); Wilson Treger Zydowicz de Sousa (doutorando); Solange de Fátima Lolis (doutorando); Priscilla de Carvalho (doutorando); Léia Carolina Lúcio (doutorando); André Andrian Padial (mestrando); Roger Mormul (mestrando); Solana Meneghel Boschilia (mestrando); Roberta Becker Rodrigues (mestranda); Giuliani Grazyella Marques Silva (mestrando); Josy Fraccaro de Marins (mestrando); Heloísa Beatriz Antoniazi Evangelista (bolsista do CNPq-IC); Lincon Rodrigo Lúcio (bolsista CNPq-IC); Kely Karina Belato (estagiária).

 Neste relatório são analisados os dados de longo prazo obtidos para a comunidade de macrófitas aquáticas. Os dados obtidos desde o início do PELD indicam que os rios aos quais as lagoas encontram-se conectadas são o principal fator determinante da estruturação das assembléias de macrófitas da planície do alto rio Paraná. Este padrão já foi demonstrado anteriormente e vem sendo mantido consistente ao longo dos anos, a despeito das inúmeras alterações ambientais às quais esse trecho do rio encontra-se submetido. A partir da análise de componentes principais utilizando dados de presença-ausência de espécies, não se detectou alteração gerada pelos efeitos da cheia de 2007 nos ambientes da planície. Porém, na lagoa das Garças foi verificada uma alteração na estrutura da comunidade após março/07, sendo as plantas submersas substituídas por plantas emergentes. No entanto, a grande cheia de 2007 afetou de forma marcante o tamanho dos bancos de macrófitas, que reduziram de forma sincronizada após esse evento. A manutenção das riquezas de espécies e a rápida recuperação do tamanho dos bancos após esse distúrbio indicam que, no geral, as assembléias sofreram pouco efeito da inundação, provavelmente em função das características apresentadas por algumas espécies (resistência e resiliência). Os efeitos de larga escala associados com os represamentos do rio Paraná e de seus principais tributários aparentemente apresentam efeitos marcantes sobre as macrófitas. O aumento da abundância de plantas submersas nos hábitats da planície, como resultado do aumento da transparência da água e da chuva de propágulos trazidos pelo rio Paraná, é um provável resultado dessas cascatas de reservatórios. Por outro lado, períodos de seca prolongados, que estão associados com a retenção de água pelos reservatórios também são preocupantes, pois afetam de forma significativa a decomposição das macrófitas aquáticas e, por conseguinte, a ciclagem de nutrientes nos hábitats alagados da planície. Por fim, chama-se a atenção para a ocorrência recente na planície de H. verticillata, uma espécie recentemente introduzida da Ásia. Resultados obtidos na planície do rio Paraná demonstram claramente que essa espécie possui maior capacidade de resiliência do que a espécie nativa E. najas. Tendo em vista a elevada capacidade competitiva de H. verticillata, sua expansão é preocupante para a diversidade de plantas aquáticas da planície.

Vegetação Ripária

Dra. Maria Conceição de Souza (coordenadora); MSc. Kazue Kawakita Kita (doutoranda) PEA/UEM Simone Rodrigues Slusarski (doutoranda)

 Dando continuidade aos estudos de vegetação ripária da área de estudo foram realizados levantamentos florísticos amplos e estudos taxonômicos com ênfase às famílias Leguminosae (Caesalpinioideae e Faboideae), Rubiaceae, Sapindaceae e Tiliaceae, bem como das espécies invasoras e exóticas, tendo sido realizadas visitas a Herbários e consulta a especialistas do Brasil e da Argentina. Levantamentos estruturais foram realizados em remanescentes florestais, tanto para a vegetação terrestre como para as epífitas vasculares. Com relação à regeneração natural, além da continuidade de estudos anteriores, deu-se ênfase à procura de áreas propícias para a demarcação de parcelas permanentes, com especial interesse nos domínios florestais. No período de novembro de 2006 a outubro de 2007, a que se refere este relatório, foram realizadas três expedições a campo, com duração média de 4 dias cada uma, nos meses de dezembro de 2006, março e maio de 2007. Foram defendidos três trabalhos de conclusão, sendo um de doutorado, um de mestrado e outro de bacharelado, e desenvolvidos três trabalhos de iniciação científica, além do andamento de uma tese de doutorado. A interação com a comunidade local foi realizada pelo estabelecimento de um convênio com um Consórcio de municípios da região - COMAFEN – para a revegetação de uma área ripária.

Trabalho e qualidade de vida

Dr. Eduardo Augusto Tomanik (coordenador); Jorge Benjamín Martínez Fernández (doutorando)

 Na cidade de Porto Rico, Estado do Paraná, Brasil, as atividades profissionais vêm enfrentando um quadro complexo, no qual se interligam as baixas remunerações e as precárias condições de execução das atividades informais, a escassez e a diminuição dos empregos formais, os impactos ambientais e, com eles, a diminuição das possibilidades de atividades tradicionais que garantiam a geração de renda para boa parte da população local. Diante destas condições, foi executado um estudo que visou de elaborar, num primeiro momento, uma análise das condições de vida da população e das atividades produtivas existentes naquela cidade. Num segundo momento, buscou-se verificar como os trabalhadores locais de baixa renda percebem o trabalho realizado e se este lhes proporciona satisfação ou não e, finalmente, quais as suas motivações e aspirações profissionais. Foram realizadas, com base em um questionário-formulário a 174 pessoas aleatoriamente selecionadas. Os resultados mostram que os trabalhadores de baixa renda de Porto Rico atuam visando atender primordialmente ao conjunto de necessidades higiênicas, sem condições de buscar outros níveis de satisfação. Ao final, são sugeridos direcionamentos para projetos que visem a superação das condições atuais.

Indicadores, hábitos e necessidades de saúde

Dr. Eduardo Augusto Tomanik (coordenador); Doris Marli Petry Paulo da Silva (doutoranda)

 O presente trabalho visa relatar algumas atividades de pesquisa, relacionadas à área da saúde, desenvolvidas e em desenvolvimento junto à população da cidade de Porto Rico (PR). Parte desta pesquisa está investigando as condições sócio-econômicas, a morbidade referida e a percepção sobre a sua qualidade de vida, dos moradores dos dois Conjuntos Habitacionais do município, a fim de conhecer e compreender melhor as condições de vida e saúde desta população e elaborar propostas de melhoria da qualidade de vida e saúde e preservação do seu entorno. A amostra foi constituída por um adulto de cada moradia dos dois conjuntos. O levantamento de informações ocorreu em julho/2005 e janeiro/2006, através de inquérito domiciliar, composto por dois instrumentos de informações, uma Ficha de Informações do Respondente e dos Familiares e o Instrumento Abreviado de Avaliação da Qualidade de Vida (WHOQOL-bref) (FLECK et al., 2000). O estudo encontra-se na fase de avaliação dos resultados e análise frente à literatura. Mesmo à partir de análises preliminares, pode-se perceber que os dados refletem as desigualdades sociais (de renda e instrução) e de saúde entre os dois conjuntos habitacionais. Estes indicadores podem ter contribuído para o maior número de problemas de saúde referidos pelos moradores de um dos Conjuntos.

Representações sociais

Dr. Eduardo Augusto Tomanik (coordenador) Lucy Mara Paiola (doutoranda); Jorge Benjamín Martínez Fernández (doutorando), Vivian Madeira Farias, Juliana Ferreira Modanês

 A pesca profissional, praticada de forma artesanal na região da planície de inundação do alto rio Paraná, significa não apenas uma ocupação econômica, mas também uma forma de sustentação de conjuntos peculiares de relações sociais, familiares e com o ambiente. A eliminação desta forma específica de atividade provavelmente provocaria, a curto prazo, o desaparecimento de todo um sistema de construções culturais associadas, elaboradas, transformadas e ou mantidas graças à ela. Um projeto anterior de pesquisa (Paiola, 2000, Paiola e Tomanik 2002), buscou compreender as Representações dos pescadores jovens e também dos filhos de pescadores sobre esta forma de atuação profissional e a interferência dessas Representações na perspectiva de continuidade da pesca como atividade profissional naquela localidade. Como uma forma de monitoramento destes elementos, um novo estudo, semelhante ao primeiro, foi realizado no ano de 2007. Foram entrevistados todos os participantes do estudo anterior que ainda residiam ou se encontravam na cidade de Porto Rico. Os resultados mostram, além do abandono gradativo da pesca, avaliações cada vez mais negativas sobre as perspectivas de continuidade destas práticas profissionais, o que vem produzindo efeitos negativos inclusive na auto-imagem dos pescadores.

Programa de edução continuada em educação ambiental

Dra. Ana Tiyomi Obara (coordenadora); Msc. Maria Aparecida Gonçalves Dias da Silva; Dra. Harumi Irene Suzuki; Dr. Ricardo Takemoto

 No ano de 2007, o Programa de Educação Continuada em Educação Ambiental, desenvolvido no Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) – Sítio 6: A planície alagável do rio Paraná -  deu continuidade às diferentes metas estabelecidas ao longo do seu desenvolvimento. Foram desenvolvidos seminários, palestra, projeto e oficinas, envolvendo alunos e professores do colégio Manoel Romão Netto (Porto Rico – PR), e docentes, pesquisadores, pós-graduandos e graduandos da Universidade Estadual de Maringá, visando aprimorar a formação em educação ambiental dos profissionais envolvidos. A elaboração de material de apoio, com informações sobre a área de estudo,  iniciada no ano de 2006, com o intuito de subsidiar a prática pedagógica dos professores do colégio em questão e de outros da região de abrangência do PELD, também, teve algumas de suas etapas concluídas no presente ano. A metodologia de trabalho adotada foi a pesquisa-ação-colaborativa, que emergiu como uma proposta de um trabalho integrado, entre os profissionais da UEM e os professores do colégio, com o objetivo de identificar e analisar os problemas e dificuldades na prática pedagógica em educação ambiental dos professores do ensino fundamental e médio, na perspectiva de superá-los e/ou transformá-los. Os resultados obtidos até o presente indicam que o processo de educação ambiental continuada no colégio está se consolidando aos poucos, criando momentos e espaços  de discussões e reflexões,  ampliando a visão crítica dos professores, com relação à sua pratica pedagógica em educação ambiental.

Tecnologias de informação e educação ambiental

MSc. Maria Aparecida Gonçalves Dias da Silva (coordenadora); Dra. Ana Tiyomi Obara; Bruno Rogério Ártico (bolsista do Nupelia); Antonio Gabriel M. Marcolli (bolsista do Nupelia)

 O impacto das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na sociedade e na educação tem gerado uma verdadeira revolução que afeta tanto os setores ligados à produção e ao trabalho, quanto à educação, transformando nossas concepções acerca dos processos de ensinar e aprender. O projeto TEdAm está integrado ao projeto de Educação Ambiental do Colégio Estadual Manoel Romão Netto - Porto Rico-PR, com a possibilidade de desenvolver novas formas de construção, cooperação e circulação de conhecimentos e informações. Pretende oportunizar aos professores e alunos a desenvolverem habilidades técnicas de criação de hipertextos, e a criação e a manutenção um Website temático de Educação Ambiental, que vai servir de suporte pedagógico ao desenvolvimento de trabalhos de Educação Ambiental na referida escola.


UEM Universidade Estadual de Maringá
Nupelia Núcleo  de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura

PEA - Curso de Pós-graduação em Ecologia de Ambientes  Aquáticos Continentais