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PELD Brasil

 Pesquisas Ecológicas de Longa Duração
PELD

NUPÉLIA - Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura

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A Planície Alagável do Rio Paraná: estrutura e Processo Ambiental


Estado Legal e de Conservação

Mapa da área de pesquisas ecológicas

A despeito da ocupação de parte da planície de inundação do rio Paraná pelo homem e de alguma regulação na vazão desse trecho de rio, imposta pelos represamentos a montante, essa área continua tendo papel fundamental na manutenção da diversidade biótica regional. Um exemplo disso, pode ser evidenciado pelo fato de a pesca no reservatório de Itaipu ser, entre duas e quatro vezes, mais rentável que em qualquer dos reservatórios dos trechos a montante da bacia, mesmo em relação àqueles com amplos trechos livres acima (Agostinho, 1994). Além disso, esse reservatório apresenta uma elevada participação de espécies de porte médio e grande, com hábitos migratórios, nos desembarques pesqueiros.

Sua vegetação tem grande capacidade regenerativa, neutralizando em alguns meses os efeitos mais notáveis das queimadas nas regiões em que estas ocorrem. Além disso, o aporte de alguns rios de médio e grande porte ainda não represados, como Ivinheima, Ivaí, Amambaí e Piquiri, minimiza os efeitos da regulação de vazão impostos pelos represamentos.

Utilizando-se os critérios empregados por Welcomme (1979) para determinar os estágios de modificação de rios de planície alagável, pode-se classificar a planície de inundação do alto rio Paraná como "levemente modificada", com áreas mais restritas "não modificadas". A vegetação arbórea, naturalmente confinada às partes mais altas das ilhas, aos diques de canais secundários e à margem esquerda do rio Paraná, mais elevada, vem sendo submetida a intenso desmatamento. Essas áreas são utilizadas para a pecuária ou agricultura de subsistência(milho, feijão, arroz) e nelas estão estabelecidas algumas famílias e pescadores. As áreas sazonalmente alagáveis apresentam vegetação herbácea, sendo, em  parte usadas pela pecuária ou cultivo de arroz. Os estoques de peixes estão, em grande parte, inalterados, sendo que as espécies de grande porte

(Pseudoplatystoma corruscans - até 150 cm; Salminus maxillosus - até 100 cm) constituem a base da pesca profissional. Em síntese, o regime de cheias é pouco influenciado pelos represamentos a montante em relação ao tempo, duração e intensidade. Alguns canais de drenagem, construídos visando o cultivo de arroz, representam outro tipo de impacto mais localizado.

O estado de preservação das condições originais é, no entanto, espacialmente heterogêneo. Assim, as áreas da planície próximas às cidades encontram-se consideravelmente alteradas, enquanto as mais distantes mantêm suas condições ambientais próximas às naturais.  Na região, a área das imediações da foz do rio Ivinheima é a que mantém maior nível de integridade das condições originais. Os inventários de ovos e larvas de peixes realizados nos cinco principais rios do trecho livre do rio Paraná revelam maiores densidades no rio Ivinheima, e sugerem a grande importância desse rio como área de desova (Nakatani et al., 1997). Esse fato pode ser comprovado pela elevada incidência de indivíduos maduros de espécies migradoras (S.maxillosus, P.corruscans, Brycon orbignyanus, Piaractus mesopotamicus, etc.) nos trechos superiores desta sub-bacia. Ressalta-se, nesse ponto, que essas espécies de peixes são as mais impactadas pelos represamentos, estando, a maioria delas, virtualmente ausentes dos trechos represados do segmento superior da bacia.

O reconhecimento público da importância que as várzeas do rio Paraná têm para a diversidade biológica regional, aliado à subtração de metade dessas áreas pelo reservatório da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera e à crescente ocupação das áreas remanescentes pela pecuária e a rizicultura, motivaram várias ações na região, envolvendo associações ambientalistas, promotorias públicas, órgãos de controle ambiental estaduais e instituições de pesquisa. Como resultado inicial desses movimentos, destacam-se a retirada do gado das ilhas do rio Paraná, as restrições à exploração da Pfaffia (ginseng brasileiro) e a criação de três áreas de proteção ambiental (APA) no arquipélago de Ilha Grande, pelos municípios de Altônia (275,23km2; junho/1994), São Jorge do Patrocínio (217,11km2; junho/1994) e Vila Alta (195,67km2; fevereiro/1993). Em dezembro de 1994, o governo estadual criou uma Estação Ecológica, com área de 283,66km2, que incluiu toda a área central de Ilha Grande.

Finalmente, em 30 de setembro de 1997, foi criada, por decreto da Presidência da República, a Área de Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, com 10.031km2. No mesmo dia, foi criado, na metade inferior dessa APA, o Parque Nacional de Ilha Grande.

A área estudada pelo Programa Ecológico de Longa Duração, ocupa a metade superior da recém-criada Área de Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná (acima do Parque Nacional de Ilha Grande), ainda carente de zoneamento ecológico e plano de gestão.


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